quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Período de turbulência

Quando retornamos da segunda etapa da formação e do recesso escolar iniciou-se uma fase de turbulência nos nossos encontros. A gripe H1N1 suspendeu as aulas por duas semanas de 10 a 22 agosto, qualquer atividade coletiva ficou proibida. Junto a isso tivemos alguns problemas estruturais na secretaria e até falecimento de familiares de cursistas. O resultado foi que durante os meses de agosto e setembro não conseguimos realizar nenhuma oficina, apenas encontros individuais.
Pensei até em suspender o Gestar no município, mas daí lembrei de todas as dificuldades que os outros colegas também enfrentaram, não somos nós que vamos desistir, ?

Encontros Individuais

No dia 19 de agosto tive um encontro com a professora Cleide e o professor Edvaldo. Repassei algumas informações da etapa de formação, conversamos sobre a dificuldade em aplicar as atividades, já que as aulas voltaram do recesso, tivemos aula uma semana e na seqüência paramos mais duas. Em virtude disso, cogitamos a possibilidade de fazermos um outro cronograma, diminuindo os encontros e aumentando a carga horário. Fiquei responsável em refazer o cronograma e repassar a eles. Também combinamos encontros individuais nas escolas, para darmos uma olhada com mais tempo para o planejamento dos professores.
No dia 25 de agosto fui até a Escola de Educação Básica Elisabeth Ulysséa Arantes na hora atividade da professora Cleide. Comecei a conversa pedindo que a professora pensasse nos problemas específicos de cada turma, e a partir daí fomos planejando atividades direcionadas aos problemas específicos das turmas. Também fomos até a biblioteca e selecionamos vários livros que poderiam despertar o interesse dos alunos. Fizemos isso porque não há na escola um bibliotecário que possa orientar a leitura das crianças, sendo que a biblioteca estava meio bagunçada também. Optamos por selecionar as obrar e montar uma caixa da leitura, fazendo um troca-troca de livros entre as turmas. A professora ficou de entrar em contato comigo para acompanhar algumas daquelas aulas.
No dia 1º de setembro o professor Edvaldo esteve na SME para conversarmos. Ele me apresentou o seu planejamento para as turmas de 5ªs séries em que ele estava trabalhando coerência e coesão textual. Sugeri-lhe que após a atividade que ele havia programado de leitura, que ele fizesse uma produção em que cada aluno criaria um texto de uma figura, mas relacionando com a figura do colega, assim como fizemos na primeira etapa da formação. Depois trabalhar a reescritura procurando a coerência e a coesão do texto. Vamos esperar o resultado!

Segunda etapa de Formação do Gestar II - Balneário Bamboriú

Eu estava bem ansiosa pela segunda etapa da formação do Gestar. Reencontrar alguns colegas, trocar as experiências, saber como as coisas se desenvolvem nos outros municípios.
Bem, o encontro foi bom, mas confesso que sai da primeira etapa bem mais empolgada. Talvez pelo mistério de não saber o que nos esperava...
Quando começaram os relatos, notei que muitos colegas tiveram graves problemas pra colocar o Gestar pra funcionar. Outros tiveram um apoio invejável de suas secretarias e gerências. O que ficou claro foi que todos fizeram e fazem o melhor que podem pra desenvolver o Gestar em seus municípios.
Vi trabalhos maravilhosos, portifólios de cair o queixo. Meus colegas são muito competentes. Trocamos muitas experiências e vivências, rimos, tiramos muitas fotos e até dançamos com a música do abraço.
A professora reclamou que os relatórios nos Blogs de maneira geral estavam pobres, poucos reflexivos. Realmente foi uma falha não atentar melhor pra todos os questionamentos que surgem durante as oficinas, as conversas, as reflexões.
Avaliando essa primeira etapa do Gestar no município, percebi que preciso incentivar mais meus professores para o estudo e o planejamento das atividades do programa, incentivando também o extrapolamento das atividades, que é o que vai fazer as crianças tomarem gosto pela coisa. Vou também, junto com meus cursistas, organizar melhor os portifólios.

Oitava Oficina - 15 de julho

Na oitava oficina do Gestar finalizamos o TP 4, com as unidades 15 e 16. Iniciamos com a mensagem de Rubens Alves “Pipoca”. Fizemos uma reflexão no sentido de que a mudança do professor tem que ser de dentro pra fora. Não bastará o material do Gestar, os encontros de formação se o professor não quiser começar a sua transformação de dentro pra fora. Percebo a necessidade de sensibilizar esses professores para uma nova prática.
Durante os relatos das experiências pude perceber que alguns professores estavam meio atrapalhados, o que não é bom.... conversei com eles no sentido de que o Gestar não é um caderno de receita, mas sim uma proposta, que precisa ser absorvida para que surjam os resultados.
A professora Lea fez uma observação interessante sobre o processo de leitura em duas turmas de 6ª série. Foi com referência ao texto Admirável mundo louco. Numa turma ela leu o texto e as crianças tiveram muita dificuldade em compreender o sentido do texto, foi quando ela contou a história do Admirável mundo novo, a partir dessa ponte as crianças conseguiram compreender o sentido do texto. Na outra turma de 6ª série, a professora iniciou falando do Admirável mundo novo e daí na leitura do admirável mundo louco ela não precisou nem questionar muito, já de cara as crianças compreenderam o sentido do texto e fizeram a relação com a história do livro.
Na seqüência tivemos uma conversa sobre o conteúdo das unidades 15 e 16. Apresentei a eles a mãozinha da leitura e fizemos a atividade de fazer as perguntas a um texto do envelope da linguagem, era um texto multimodal sobre a Olimpíada de 2016, que poderá ser no Rio de Janeiro. Fizemos as perguntas e conseguimos obter as respostas, foi legal, pois eles perceberam que em todo texto pode-se aplicar as perguntas, mas que talvez não se tenha todas as respostas, eles perceberam também a importância dessas perguntas para a compreensão do texto.
Conversando sobre a retextualizaçao, eu os questionei se costumavam ter essa prática, se já tinham feito, a resposta foi meio tímida, então nós produzimos um texto coletivo, a partir de uma imagem, cada integrante produziu um parágrafo, seguindo a seqüência introdução, desenvolvimento, desenvolvimento e conclusão. O resultado foi assim...

1ª versão

Ao depararmos com uma imagem de uma criança sofrida, carente, com olhos brilhando pedindo ajuda, podemos sentir o quanto estamos com olhos fechados quanto a esse tipo de situação.
As crianças são as principais atingidas pela pobreza no país. Além das necessidades fisiológicas como: comer e vestir elas também sofrem com a descriminação social. É necessário dar um basta nesta situação, por isso que a CCF – Brasil pede ajuda para amenizar o sofrimento destes pequenos seres, possibilitar uma vida mais digna.
Então, precisamos fazer alguma coisa por estas crianças. Não vamos deixar que seus sonhos se percam. Ajude com esta quantia que é tão pouco para nós e tanto para quem não tem nada.
Quando alguém com fome bate a nossa porta percebemos o quanto ela pode incomodar. Entretanto só nos incomodamos realmente quando a sentimos. Solidariedade é um ato simples e grandioso. Certamente fazendo pouco, doando pouco, para quem tem quase nada é um grande passo para contribuir para um mundo melhor.

2ª versão

Ao depararmos com a imagem de uma criança sofrida, carente, faminta, pedindo ajuda, podemos sentir o quanto estamos com olhos fechados a esse tipo de situação.
Elas são as principais atingidas pela pobreza no país. Além das necessidades como comer e vestir, também sofrem com a discriminação social. É necessário dar um basta nesta situação, por isso que a CCF – Brasil pede ajuda para amenizar o sofrimento destes pequenos seres, possibilitando uma vida mais digna.
Quando alguém faminto bate a nossa porta percebemos o quanto a fome pode incomodar, entretanto só nos incomodamos realmente quando a sentimos. Solidariedade é um ato simples e grandioso. Certamente fazendo pouco, doando pouco, é um grande passo para contribuir para um mundo melhor.
Então, precisamos fazer alguma coisa por estas crianças. Não vamos deixar que seus sonhos se percam. Contribua com a CCF – Brasil e nos ajude a ajudar quem tem quase nada.

Durante o processo de retextualização fizemos todas as conexões necessárias para deixar o texto mais coerente, refletindo e analisando cada parágrafo, cada frase, foi muito legal. Ao mesmo tempo surgiu aquele sentimento que nós professores temos: mas como fazer isso no ensino fundamental? Quantos textos em cada sala... tranqüilizei os professores dizendo que isso é um processo e que precisamos encontrar alternativas para realizar isso em sala, começar por exemplo com textos coletivos, como o que tínhamos feito.

Sétima Oficina, dia 01 de julho

Iniciamos a oficina com a leitura do livro O Ponto. Conta rapidamente a trajetória de uma garotinha que iniciou um grande processo de criação a partir de um ponto numa folha em branco. O trabalho da garotinha só evolui graças a sensibilidade de sua professora de valorizar o seu trabalho.
Após a leitura fizemos uma reflexão sobre o papel do professor como motivador de seus alunos, às vezes é importante valorizar um trabalho que nem mesmo o autor (aluno) valoriza. Isso o incentiva a produzir melhor da próxima vez.
Em seguida fiz um feedback do nosso último encontro e decidimos que as questões relacionadas ao currículo seriam retomadas em outra oportunidade, até mesmo porque a conversa do encontro anterior já havia despertado nos professores um pouco mais de tranqüilidade em relação ao trabalho desenvolvido com o Gestar, já que a proposta pode e deve se encaixar dentro da proposta de trabalho da rede no ensino de Língua Portuguesa.
No momento dos relatos, o professor Edvaldo contou que fez com seus alunos da 5ª série uma atividade do texto cidadezinha qualquer. A proposta era que as crianças fizessem uma poesia enfatizando o lugar onde viviam. Dentre os trabalhos chamou atenção um em que a criança expressava o ponto de vista de que quem tivesse uma casa grande e bonita era “otário”. Esse texto trouxe para a sala de aula a concepção de otário, por que a criança fez essa relação. Acabou por se abordar questões culturais e sociais muito fortes da própria comunidade.
Também discutimos bastante sobre letramento. Falamos do conceito e como o letramento se realiza na prática. Notamos que muitos professores do ensino fundamental I são resistentes ao estudo da teoria sobre o letramento, mas acabam trabalhando dentro dessa proposta meio que ao acaso, já que se negam a adquirir o conhecimento teórico.
Estudamos o fragmento do texto do Marcos Bagno “O que é letramento” do livro Letramento, Variação e Ensino. Desse estudo surgiram alguns questionamentos: Por que trabalhar com letramento na escola? Será que muitos professores já não o fazem sem saber? Outros dizem que trabalham nessa perspectiva, mas continuam enchendo os cadernos do alunos de atividades que não favorecem aprendizagem alguma?
A conversa sobre letramento sempre leva aos gêneros textuais e as questões de leitura e escrita. Esses elementos estão muitos próximos, e nossos professores precisam entender essa relação e as teorias que subjazem a cada uma para explorar de forma mais eficiente o que a língua portuguesa tem de melhor.